Nefrologia
O que é Nefrologia
Nefrologia é uma especialidade médica dedicada ao diagnóstico e tratamento clínico das doenças do sistema urinário, principalmente relacionadas ao rim. O médico especializado nas doenças do sistema urinário chama-se médico nefrologista.
No Brasil, o tempo para formar um nefrologista é de 10 anos de estudo (6 anos do curso Médico, 2 anos de residência ou estágio em clínica médica e mais 2 anos de residência ou estágio em nefrologia).
Quais as atividades de um Médico Nefrologista
- prevenção de doenças renais;
- diagnóstico e tratamento de hipertensão arterial (pressão alta);
- diagnóstico e tratamento de infecções urinárias;
- diagnóstico e tratamento de nefrites;
- diagnóstico e tratamento de litíase renal (pedra nos rins);
- diagnóstico e tratamento de doenças renais císticas;
- diagnóstico e tratamento da doença renal crônica;
- diagnóstico e tratamento da lesão renal aguda;
- hemodiálise;
- diálise peritoneal;
- transplante renal.
Devo consultar um Nefrologista?
Recomenda-se que pacientes com mais de 40 anos façam anualmente uma consulta médica, para acompanhar as funções dos rins, e façam os exames de dosagem da creatinina no sangue e o exame de urina. Para pacientes com diabetes, pressão alta, história familiar de problemas renais, pedra nos rins, história de nefrites ou infecção na infância recomenda-se consulta e seguimento do tratamento com um médico nefrologista.
Insuficiência Renal
O que é Insuficiência Renal
É a perda das funções dos rins, podendo ser aguda ou crônica.
Insuficiência renal aguda
Em alguns pacientes com doenças graves, os rins podem parar de funcionar de maneira rápida. Rápida porque a função renal é perdida em algumas horas porém os rins podem voltar a funcionar após algumas semanas. A esta situação os médicos chamam de insuficiência renal aguda. Em muitas ocasiões o paciente necessita ser mantido com tratamento por diálise até que os rins voltem a funcionar.
Insuficiência Renal Crônica
Insuficiência renal crônica é a perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais. Por ser lenta e progressiva, esta perda resulta em processos adaptativos que, até um certo ponto, mantêm o paciente sem sintomas da doença. Até que tenham perdido cerca de 50% de sua função renal, os pacientes permanecem quase sem sintomas. A partir daí, podem aparecer sintomas e sinais que nem sempre incomodam muito. Assim, anemia leve, pressão alta, edema (inchaço) dos olhos e pés, mudança nos hábitos de urinar (levantar diversas vezes à noite para urinar) e do aspecto da urina (urina muito clara, sangue na urina, etc). Deste ponto até que os rins estejam funcionando somente 10 a 12% da função renal normal, pode-se tratar os pacientes com medicamentos e dieta. Quando a função renal se reduz abaixo desses valores, torna-se necessário o uso de outros métodos de tratamento da insuficiência renal: diálise ou transplante renal.
Sinais e Sintomas de Disfunção Renal
Muitos são os sinais e sintomas que aparecem quando a pessoa começa a ter problemas renais. Alguns são mais frequentes, embora não sejam necessariamente consequências de problemas renais:
- alteração na cor da urina (torna-se parecida com coca-cola ou sanguinolenta);
- dor ou ardor quando estiver urinando;
- passar a urinar toda hora;
- levantar mais de uma vez à noite para urinar;
- inchaço dos tornozelos ou ao redor dos olhos;
- dor lombar;
- pressão sanguínea elevada;
- anemia (palidez anormal);
- fraqueza e desânimo constante;
- náuseas e vômitos frequentes pela manhã;
Caso qualquer destes sinais ou sintomas apareça, procure imediatamente um médico de sua confiança.
Causas da Insuficiência Renal Crônica
Diversas são as doenças que levam à insuficiência renal crônica. As três mais comuns são a hipertensão arterial, o diabetes e as nefrites. A hipertensão arterial (pressão alta) é outra importante causa de insuficiência renal.
Como os rins são os responsáveis no organismo pelo controle da pressão, quando eles não funcionam adequadamente, há subida na pressão arterial que, por sua vez, leva à piora da disfunção renal, fechando assim um ciclo de agressão aos rins. O controle correto da pressão arterial é um dos pontos principais na prevenção da insuficiência renal e da necessidade de se fazer diálise.O diabetes é uma das mais importantes causas de falência dos rins, com um número crescente de casos. Após cerca de 15 anos de diabetes diagnosticado, alguns pacientes começam a ter problemas renais.
As primeiras manifestações são a perda de proteínas na urina (proteinúria), o aparecimento de pressão arterial alta e, mais tarde, o aumento da ureia e da creatinina do sangue. Uma causa muito frequente de insuficiência renal é a glomerulonefrite (“nefrite crônica”). Ela resulta de uma inflamação crônica dos rins. Depois de algum tempo, se a inflamação não é curada ou controlada, pode haver perda total das funções dos rins.
Outras causas de insuficiência renal são: rins policísticos (grandes e numerosos cistos crescem nos rins, destruindo-os), a pielonefrite (infecções urinárias repetidas devido à presença de alterações no trato urinário, pedras, obstruções, etc.) e doenças congênitas (“de nascença”).
Diálise
Quem precisa fazer diálise?
Os rins têm a função de eliminar substâncias tóxicas do organismo através da urina. Participam também da excreção de água e de sais minerais, do controle da acidez do sangue e da produção de hormônios. Quando os rins sofrem de alguma doença crônica que leve à perda de suas funções, dizemos que há insuficiência renal crônica. Isso pode ocorrer, por exemplo, em pacientes com hipertensão arterial (“pressão alta”) mal-controlada, diabetes mellitus de longa duração, glomerulonefrite crônica, rins policísticos, entre outras causas.
Se os rins estão muito doentes, deixam de realizar suas funções, o que pode levar a risco de vida. Nesta situação, o paciente geralmente apresenta sintomas como fraqueza, perda de apetite, náuseas, vômitos, inchaços, palidez, falta de ar, anemia e alterações nos exames de sangue (aumento de ureia, creatinina, potássio, etc.). É preciso, então, substituir as funções dos rins de alguma maneira, o que pode ser feito realizando um transplante renal, ou através da diálise. A diálise é, portanto, um tipo de tratamento que visa repor as funções dos rins, retirando as substâncias tóxicas e o excesso de água e sais minerais do organismo, estabelecendo assim uma nova situação de equilíbrio. Através da diálise, é possível melhorar os sintomas acima citados e reverter a situação de risco de vida imposta pela insuficiência renal.
Quais são os tipos de diálise?
Existem dois tipos de diálise: hemodiálise e diálise peritoneal.
A hemodiálise vai promover a retirada das substâncias tóxicas, água e sais minerais do organismo através da passagem do sangue por um filtro. A hemodiálise, em geral, é realizada 3 vezes por semana, em sessões com duração média de 3 a 4 horas, com o auxílio de uma máquina, dentro de clínicas especializadas neste tratamento. Para que o sangue passe pela máquina é necessário a colocação de um cateter ou a confecção de uma fístula, que é um procedimento realizado mais comumente nas veias do braço, para permitir que estas fiquem mais calibrosas e, desta forma, forneçam o fluxo de sangue adequado para ser filtrado.
A diálise peritoneal funciona de maneira diferente. Ao invés de utilizar um filtro artificial para “limpar” o sangue, é utilizado o peritônio, que é uma membrana localizada dentro do abdômen e que reveste os órgãos internos. Através da colocação de um cateter flexível no abdômen, é feita a infusão de um líquido semelhante a um soro na cavidade abdominal. Este líquido, que chamamos de banho de diálise, vai entrar em contato com o peritônio e por ele será feita a retirada das substâncias tóxicas do sangue. Após um período de permanência do banho de diálise na cavidade abdominal, este fica saturado de substâncias tóxicas, e é então retirado, sendo feita em seguida a infusão de novo banho de diálise. Esse processo é realizado de uma forma contínua, e é conhecido por CAPD, sigla em inglês que significa diálise peritoneal ambulatorial contínua. A diálise peritoneal é uma forma segura de tratamento realizada atualmente por mais de 100.000 pacientes no mundo todo.
Onde é feita a diálise peritoneal?
A diálise peritoneal pode ser feita na própria casa do paciente, ou ainda no local de trabalho, já que o processo de troca do banho de diálise é feito pelo próprio paciente ou por algum familiar.
Como é feita a diálise peritoneal?
Na CAPD, conforme já mencionado, é feita a infusão do banho de diálise na cavidade abdominal. O banho vem armazenado em bolsas de material plástico flexível, que têm um sistema para conexão ao cateter abdominal. Após ser infundido, o líquido permanece por algumas horas dentro do abdômen do paciente, para então ser drenado. Após a drenagem, é feita nova infusão, e assim sucessivamente. Em geral, são feitas de 3 a 6 trocas de líquido ao longo do dia. No intervalo entre as trocas, o paciente pode realizar as suas atividades diárias normalmente. Apenas deve ter o cuidado de realizar as trocas em lugar limpo, e com cuidados de assepsia e técnica que serão orientados por uma equipe de enfermagem.
Existe, além do CAPD, uma outra forma de realizar a diálise peritoneal, conhecida por DPA, ou diálise peritoneal automática. Esta terapia funciona de forma semelhante à CAPD, ou seja, também se baseia na infusão e drenagem do banho de diálise na cavidade abdominal. Entretanto, ao invés das trocas serem efetuadas ao longo do dia, estas são realizadas à noite, enquanto o paciente está dormindo, de forma automática, com o auxílio de uma máquina conhecida como cicladora.
A cicladora pode ser colocada à beira da cama do paciente, possibilitando desta forma, o tratamento noturno, liberando o paciente da necessidade de trocas durante o dia.
Quais as vantagens da diálise peritoneal?
Como o tratamento é feito pelo próprio paciente ou por sua família, há maior liberdade para viajar, e maior independência em relação à clínica de diálise e à equipe médica e de enfermagem. Além disso, por ser uma terapia contínua, efetua a retirada constante de líquidos, substância tóxicas e sais minerais, o que possibilita maior liberdade de dieta. Por ser método mais suave, proporciona também maior preservação da função renal residual.
Qual tipo de diálise é melhor: hemodiálise ou diálise peritoneal?
Não existe um tipo de diálise melhor do que a outra. Entretanto, de acordo com as condições clínicas de cada caso, pode haver preferência por ou outro método. Quem decidirá sobre a escolha do tratamento é o médico, em conjunto com o paciente e sua família, de acordo com o quadro clínico e o estilo de vida do paciente.
Em caso de dúvidas, consulte sempre o seu médico e informe-se sobre outros detalhes deste tratamento.